O senador Nelsinho Trad (PSD/MS) apresentou o Projeto de Lei nº 3.524 de 2021, que denomina “Prefeito Tico Ribeiro” o trecho da BR-419, que liga o município de Aquidauana e o acesso à Fazenda Conquista, em Mato Grosso do Sul. Essa proposta foi aprovada, nesta manhã (6), no Senado Federal. Se estivesse vivo, o homenageado teria 104 anos. “Essa personalidade deixou muita história para ser contada, foi o primeiro político a levar Aquidauana para a elite política do país na época: o Parlamento Nacional, ainda sediado no Rio de Janeiro. É o pai do prefeito de Aquidauana, Odilon Ribeiro e do empresário Zelito Ribeiro , o avô do ex-deputado estadual Felipe Orro. Tico Ribeiro integra uma família com vários nomes importantes na política. Entre eles, seu avô materno, Pedro Celestino (governador) e seu tio Fernando Corrêa da Costa (governador)”, recordou o senador Nelsinho Trad.
Em homenagem ao avô, o ex-deputado Felipe Orro explicou que o apelido de Fernando Luiz Alves Ribeiro, Tico Ribeiro, teria sido inspirado de um clássico de Carmem Miranda, o chorinho composto em 1917 e regravado na década de 30. A avó paterna dele ouviu Tico Tico no fubá e passou a chamá-lo de Tico.
Neto do lendário Coronel Jejé (José Alves Ribeiro), filho de José Alves Ribeiro (Zelito, intendente geral de Aquidauana entre 1925/27) e Maria Constança Corrêa Ribeiro, Tico Ribeiro formou-se em Medicina Veterinária pela Escola de Agronomia e Veterinária de Viçosa, hoje universidade; casou-se em 1945 com Nilza Corrêa Ferraz e foram morar no Iguaçu, parte da fazenda Taboco, herança de família.
O trabalho na Carteira Agropecuária do Banco do Brasil levou-o a residir em Campo Grande e em Cuiabá – época em que trabalhou como diretor da Comissão de Planejamento da Produção no Estado. Em 1951, regressou a sua terra natal, já desligado do banco, pronto para iniciar sua carreira política.
Ganhou notoriedade no programa de rádio João Bobo, da Difusora de Aquidauana, em que tecia críticas ao cotidiano político da cidade. Foi eleito prefeito de Aquidauana em 1952. Como chefe do Executivo, implantou, na cidade, uma empresa de telefonia com aparelhos automáticos, em uma época em que as ligações eram feitas via telefonista. Também estruturou o Aeroclube de Aquidauana, que facilitou a logística e o acesso a regiões isoladas no Pantanal.
Como prefeito, Tico Ribeiro fez uma gestão inovadora e com muito serviço prestado à cidade. Durante seu mandato, foi ampliado o serviço de abastecimento de água e implantada a rede de esgoto, o que possibilitou o calçamento da cidade. As lajotas que até hoje se fazem presentes na região central de Aquidauana também são marca registrada de Tico Ribeiro.
A opção pelos paralelepípedos veio da avaliação de custo e benefício, pois, optando pelo asfalto, a prefeitura não poderia ampliar o calçamento sem chamar uma empresa de fora para executar o serviço, enquanto que, com a lajota, a própria Prefeitura teria independência e facilidades para realizar as intervenções nas ruas da cidade.
Em sua gestão que teve fim um polêmico laudêmio, um benefício que gozavam descendentes dos chamados pioneiros que, pelo simples parentesco com os primeiros habitantes da cidade, não pagavam IPTU. Tico Ribeiro enfrentou e ganhou a briga, estendendo o imposto a todos.
O reconhecimento à frente da Prefeitura de Aquidauana credenciou Tico Ribeiro a concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados, sendo eleito em 1958 pela UDN, a União Democrática Nacional.
Após deixar a Câmara dos Deputados, Tico Ribeiro foi prefeito de Aquidauana por mais dois mandatos. Faleceu em 14 de setembro de 1995, aos 76 anos.